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segunda-feira, 6 de maio de 2013

Atleta Olímpico


Deuses de aço, 
aço de carne...

São verdadeiros lutadores. Eles lutam contra seus limites, contra os adversários, contra o relógio, contra a falta de apoio e de organização. Quando os vejo no pódio, com sorrisos que não cabem em seus rostos cansados, vejo a glória, a fama e o triunfo. Para os vencedores, as horas de dor foram finalmente recompensadas. Através de seus méritos deixaram para trás todas as dificuldades e atingiram um dos maiores objetivos em sua carreira de atleta: eles vão para as Olimpíadas. Representarão o Pais que vivem, que amam e pelo qual morreriam se preciso fosse num último esforço para consagração máxima.


Mas para que estes chegassem lá, outros, muito outros ficaram pelo caminho.


São homens e mulheres que, assim como os vencedores, lutaram. Seus corpos chegaram aos limites, mas não foi o suficiente. Eles sabiam que precisavam mais. Precisavam ser mais rápidos, mais fortes...


No entanto seus músculos se contraíram em cãibras, o peito queimou como que em chamas e ainda assim eles buscavam mais. Sua visão se fechando em uma escuridão que parecia não ter fim. Sua vida de sofrimento, sua infância pobre passando diante de seus olhos em um slow-motion de explosão e de dor. 

Ele não teria recompensa. 

Sua história não será vista nem ouvida na televisão. Não carregará a bandeira brasileira diante de milhões de observadores. Não terá a chance de mostrar sua gana e sua garra. Ele não vai deixar sua vida sofrida. Sua dor terá apenas consolo entre os seus. Uma esposa ou uma mãe vai estar a lhe esperar na porta da casa humilde, e abraçados irá permitir que o gigante caído se ponha em prantos, que grite, que esbraveje, que questione e que finalmente, cansado e injustiçado, adormeça. 

Amanhã será outro dia.

O anti-herói da carne de aço, voltará a ser garçom, pedreiro, vendedor, mecânico. Daqui a duas semanas as feridas estarão curadas, e então, à noite, enquanto eu volto para casa, vou vê-lo novamente na quadra humilde correndo, arremessando, saltando...

E quando então, tarde da noite, cansado mas recompensado com o resultado obtido, chegar em casa mais uma vez assobiando o Hino da Vitória ele vai contar como fará para guardar a bandeira brasileira durante sua prova para só retira-la no pódio, nas próximas Olimpíadas. 

“- Como o Rubinho fez.” dirá “- Como o Rubinho fez...” 

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